quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Bloc Party - She's Hearing Voices

Todos os seres interessados em música, têm aquela fase irritante em que acham que conhecem tudo o que há de bom na música, e o que não conhecem, ou não interessa ou já toda a gente ouve, logo não presta. Podem encontrar malta dessa em muitos estilos de música, desde os metaleiros que odeiam tudo que não meta solos satanicos e riffs super rápidos, aos fãs de rap que chamam gritos a tudo o que seja rock, aos indies que quanto menos se conhecer uma banda, mais eles gostam dela, aos fãs de jazz e clássica... bem, estes têm os argumentos vindos do conservatório, logo não me meto com eles.
Essa fase apareceu-me pelo 10º ano e prolongou-se até ao 11º, altura em que os meus laços de amizade com outros dois fedelhos se consolidam e estes me fazem ver que as coisas não devem ser vistas dessa maneira. Com todos os contras desta fase de meter os cabelos em pé (à qual as mães chamam "Idade do Armário"), foi nesta fase que conheci muitas das bandas, que ainda hoje oiço e deram o pontapé de saída para o que vim a conhecer depois. Bandas como Arctic Monkeys, Yeah Yeah Yeahs, Arcade Fire, The Strokes, Kings Of Leon, The Killers, enquadram-se nesse tal leque de bandas pseudo-alternativas que eu ouvia. Muitas destas bandas, conheci-as através dos canais de música: a primeira vez que ouvi Strokes foi no video da música 12:51 e Kings Of Leon com a Molly's Chambers. Mas havia uma, que não saía do ouvido, à pala do anúncio da Vodafone. Já perceberam que o artigo de hoje é sobre a banda de "Banquet", os Bloc Party.


Sempre achei os Bloc Party uma banda diferente. São jovens, mas não têm aquela atitude cool e rebelde. Vêm de Inglaterra, mas não têm aquela super energia, de outros nomes como Kaiser Chiefs e Franz Ferdinand. São uma banda que se leva a sério e aponta sempre a objectivos altos. No entanto, os Bloc Party estão hoje para a música, como o Shevchenko está para o futebol: tal como o internacional ucraniano, algumas pessoas já se esqueceram do porquê dos Bloc Party serem um nome de relevo no mundo em que estão inseridos. Hoje olha-se para eles, como uma banda banal, talvez pelo facto dos seus últimos trabalhos terem sido medianos. Weekend In The City, o segundo álbum da banda, apesar dum péssimo pormenor de produção - o volume parece estar constantemente no mínimo - tem boas canções e não parece ser uma fotocópia do que fizeram antes, mas sabemos que podem fazer melhor. O terceiro e, até agora, último álbum da banda, Intimicy, parece recolher criticas distintas, não se demonstrando um trabalho consensual. As críticas que surgem acusam os Bloc Party de mudarem a sua sonoridade, para uma onda mais electrónica, a um ponto em que a banda perde a sua identidade. Eu, honestamente, sempre liguei os Bloc Party à electrónica, de uma forma mais ligeira, mas liguei. No entanto, também concordo, que a banda perdeu alguns dos pontos positivos que tinha, fazendo de Intimicy um álbum mediano. Talvez esta fase menos boa, levou-os a fazerem uma pausa na sua carreira, que perdura desde 2009. Apesar destes obstáculos no caminho, a banda já tinha feito uma das obras-primas desta década, o seu primeiro álbum, Silent Alarm.


Silent Alarm é lançado em 2005 e catapulta imediatamente este quarteto de ingleses para o estrelato. Demonstra tudo o que se quer numa banda rock: ambição, talento, energia, poder e trabalho. Lembro-me que no meu primeiro artigo sobre o Kanye West, que o chamei de "rapper mais dedicado de sempre" e isso vê-se quando cada música tenta superar a outra. Neste Silent Alarm é isso que os Bloc Party tentam fazer. Não fosse o anúncio da Vodafone e podiamos ficar ali horas para escolher um single ideal. Não há mestres da guitarra, do baixo ou da bateria, mas cada um deles brilha à sua maneira. Matt Tong, um dos meus bateristas preferidos, delicia-nos no início da Like Eating Glass e na So Here We Are. As back vocals de Gordon Moakes são um pormenorzinho orgásmico. O guitarrista Russell Lissack revela-nos riffs fáceis, mas óptimos para o ouvido em Banquet, Blue Light e This Modern Love, ou solos excelentes como em She's Hearing Voices. A voz do nigeriano Kele Okereke é açucar, energia, revolta e cool-ao-ponto-de-nos-meter-a-dançar conforme é preciso. Este artigo de hoje serve para dizer que, não é vergonha nenhuma ouvir Bloc Party e que eu não me esqueço que eles já fizeram parte de muitos momentos da minha vida. Este Silent Alarm é, sem dúvida, um dos álbuns da minha vida, que perdurará até ao resto da minha vida (enquanto não for surdo).
A música de hoje, foi a música que iniciou a carreira dos Bloc Party, quando Alex Kapranos dos Franz Ferdinand a passou na rádio BBC. Chama-se She's Hearing Voices e ainda me lembro do que Kele disse em Lisboa antes de tocar esta música: "Lisbon, do you feel like dancing?". Dancem, dancem e atentem ao magnífico solo desta música!

Bloc Party - Shes Hearing Voices by Diogo Martins

O Diogo já meteu um artigo conjunto sobre o John Lennon e realço mais uma vez o fabuloso artista que era. Sem dúvida um deus ao pé dos mortais Bloc Party.
Metam também like na ceninha à vossa direita para sermos amiguinhos de facebook!

5 comentários:

  1. O primeiro álbum deles captou logo a minha atenção! Lembro-me de passar horas e horas a ouvi-los. Depois confesso que me desliguei um bocado deles, comecei a ouvir outras bandas...e eles acabaram por ficar um bocado na prateleira. Portanto não acompanhei os restantes álbuns. No entanto adoro o tema "one more chance"!
    Penso que são uma banda com um excelente potencial, mas ainda não deram tudo o que podem dar. Resta-nos esperar por grandes álbuns deles!

    ResponderEliminar
  2. Amigo Diogo, "a word of advice":
    Reduz os teus textos. É demasiado para a malta ler aqui na net... mas não baixes os braços. É preciso mais e mais gente a escrever sobre música. Seja ela de que estilo for ou, de preferência, de todos os estilos.

    Abraço,

    FM

    ResponderEliminar
  3. Não reduzas os textos, o que diferencia dos restantes blogs é que transmites (transmitem) a tua opinião, deves fazer isso no nº de linhas que achares necessárias .

    Continuem o grande trabalho .

    Més que un blog

    ResponderEliminar
  4. percebo perfeitamente o conselho e tenho tentado fazer coisas curtas, mas o entusiasmo cresce e torna-se impossível para mim escrever coisas curtas. Neste dos Bloc Party, de facto entusiasmei-me em demasia.
    Obrigado pelos conselhos pessoal, continuem a visitar ;)

    ResponderEliminar
  5. Lembro-me de ter passado horas a ouvir o Silent Alarm.

    Baterista fora-de-série! O homem parece que tem um metrónomo dentro dele. Bons riffs e letras com muito mais substância do que se julga à primeira audição.

    Bom artigo!

    Abraço

    ResponderEliminar