segunda-feira, 19 de março de 2012

The Weeknd - Wicked Games

Ora boas noites amigos. Hoje o artigo é especial, como não me apeteceu escrever nada, pedi a 4 amigos para escreverem por mim. Essencialmente porque não achei que tinha autoridade para falar sobre a pessoa em questão, mas a delegação de tarefas também foi algo que apreciei bastante. Sobre o moço em questão, uns adoram, outros atracaram-se numa mixtape e outros apenas reconhecem qualidade. Eu? Nem sei. Hype não lhe falta. Agora com a sua presença no Primavera Optimus Sound, o hype em terras lusas crescerá mais. Sempre achei que ele conseguia criar uma envolvente nocturno como ninguém e o mel que ele dá às suas canções (e digo mel no bom sentido) ajuda a tornar esse meio envolvente nocturno, em algo erótico. E saliento o erótico. Nada de euforias, nada de pressas, nada de cenas à la 9 Songs. Vocês sabem que para mim, uma Better Living Through Chemestry ou uma You Can't Quit Me Baby dos QOTSA deixam-me louco para movimentos rápidos, mas uma Wicked Games do Abel Tesfaye, mais conhecido como The Weeknd, prepara-me para uma sessão duradoura e intensa.


Ouvir The Weeknd é uma experiência. Uma experiência que tem que ser saboreada com os olhos bem fechados. Preferivelmente, de noite. Como o estilo impõe, as músicas falam maioritariamente de "amor" ou de sentimentos relacionados, como tantas outras, mas as sensações que nos são transmitidas são um mundo totalmente diferente, novo. Subitamente parece que estamos no meio de um ambiente altamente sexual, desprendido, sob o efeito de droga, num nivel absolutamente extra-sensorial. The Weeknd passa-nos muitas vezes uma sensação de vazio da emoção no momento. A existência dos pensamentos sobrepõe-se ao prazer físico. Como diz na Gone do album "Thursday":
"Cause I'm numb from the neck down / Im sorry / You won't know that I can't feel it / I can win a fuckin' Oscar"
Este tipo de sensações são-nos transmitidas ao longo de toda a trilogia. A missão de nos fazer sentir o que estamos a ouvir é passada com distinção. Quanto a mim, consigo usufruir completamente da experiência quando estou com a minha namorada. É perfeito. É estar às escuras e absorver tudo o que é passado, numa tranquilidade impossível de explicar.
Música preferida e verso preferido:
Montreal - "Happiness exists when you don't know a thing / So I hope you don't think this song is about you"
Bruno Pinto

A minha relação com o Abel é bem complicada. Porquê? Porque eu só quero saber dele quando preciso. E evito-o sempre que posso.
E, mais uma vez, porquê? Porque ele tem aquele dom de me arrepiar durante longos minutos e, quando me deixa, deixa-me com a cabeça perdida a pensar *sabe-se lá no quê*.
Parece até muito bom, mas não é. Ou é! Por vezes.
Esqueçam as duas últimas mixtapes. O que interessa é a primeira. Só esta tem o que mais nada tem e só esta diz (tudo) o que mais nada diz.
Sancha Pereira

O problema que os fanáticos de R'n'B têm com The Weeknd é daquelas típicas questões de quem é mais ou menos TRVE. The Weeknd foge ao barroco-absurdo de Trapped in the Closet desse R.Kelly e portanto, "valha-me Deus que isto não é R'n'B como deve ser, é lixo para hipsters". E até pode ser. Mas nós gostamos e não é pouco. Sim, são os ingredientes clássicos desse género, mas intoxicados até ao infinito com estas faíscas de sonoridade exterior, nocturna no mau sentido e sim, pedrada. Uma trilogia de mixtapes que definem a sonoridade de Weeknd, deixando tudo em aberto, ao mesmo tempo que fecham a sua sonoridade numa caixa conceptual pouco interessada em heterogenia. Toda a história se iniciou com High for This, que nos deixa em suspenso por várias vezes, à espera que as tais cascatas de percussão, baixo e etc nos caiam por cima com o peso de dois mundos. O da musicalidade única do canadiano mais promissor de 2011, juntamente com o mundo das histórias que conta, onde há sempre espaço para mais um comprimido ou um sample violado de Beach House.
André Lopes

Não são uma banda que adoro, mas também não me são indiferentes. Não me identifico com as letras, mas gosto de ouvir as estórias que, ainda que possam fugir um pouco da realidade, ou pelo menos da minha realidade, são interessantes. Cada música de um álbum é um episódio novo. E é assim que consigo descrever The Weeknd: uma banda que nos deixa a desejar a próxima temporada. Uma e outra vez. Mas nunca traz nada de novo. Ainda assim, vou gostando de ouvir, porque o mesmo que traz foi aquilo que gostei no início quando ouvi pela primeira vez o House of Balloons e que, até agora, tem sido a suficiente para me deixar preso. Pode ser que esse sentimento acabe, mas até lá, há que aproveitar os agudos de Abel Tesfaye.
The Morning é uma das minhas músicas preferidas: a a imagem desta música é o sol a bater numa janela de motel depois de um noite num clube que tinha na entrada um néon em que se lia PUTAS em letras bem grandes. É o neo-noir em música. O que é que se quer mais?
Daniel Serrano


Antes de finalizar, agradeço aos que escreveram aqui hoje. Pedi-vos porque, para além de querer uma amostra variada, achei que eram os indicados para falar sobre isto. Uns com mais dificuldade que outros, uns com menos confiança que outros, mas gostei dos 4 textos. A sério que gostei. O The Weeknd é a nova coque-luxe do R&B (ou lá o que ele canta). Vai andar por aí durante muito tempo. Vou deixar aqui a música que mais gostei, desde que o ouvi pela primeira vez, já lá vão uns tempos. Já falei dela acima, chama-se Wicked Games e é assim que o vejo. Beijinhos.



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Baroness - Isak

Ena pá, um artigo que não é sobre hip-hop? Você está maluco, Diogo Martins. E ainda por cima, vamos do hip-hop para o metal. Permitam-me a extravagância amigos, mas vai ter mesmo que ser. Calma calma, não fiquei no meio termo: não é um artigo sobre nu-metal. Apesar de ainda vibrar-mos ao som da Break Stuff dos Limp Bizkit, achamos por bem não ir comentar esse mundo. Fica para a próxima. À semelhança do último post, vou falar de uma banda porque gosto de uma música em especial. No entanto, desta já ouvi mais umas coisinhas. Uma banda da vaga do Sludge Metal (lol rótulos) tipo Kylesa e Mastodon. Não me julguem metalheads, não percebo um corno destes rótulos, só sei que acid-rave sci-fi punk-funk são os Klaxons e que os Animal Collective são uma cena bué neo-psychadelic experimental indie freak folk. Por isso vou ficar pelo básico, hoje é um artigo de metal e vou falar sobre os Baroness.


Tal como disse, são uma banda muito ligada à vaga do sludge metal que veio do estado da Georgia nos EUA que nos deu bandas como os Kylesa (como o Costas já vos falou), Black Tusk e os mais mediáticos Mastodon. Começaram neste mundinho do metal em 2003, com um ou outro EP lançado. Devo confessar que não percebo muito de metal, mas provavelmente este é o sub-género que oiço e gosto mais. Cheio de contratempos (lol conservatório), um ambiente envolvente denso, mas com momentos rápidos, cheios de pica sempre a partir com riffs muito bons. E é o que se vê no primeiro álbum, Red Album, com músicas muito fortes como a The Birthing, O'Appalachia e a que vos vou meter hoje. Tem um interlúdio acústico muito fixe, para quem gosta desse tipo de sons chamado Cockroach En Fleur. Para quem gosta da fase progressiva e calminha dos Mastodon, têm uma música muito à la Crack the Skye que é a Wailing Wintery Wind. E acaba com a excelente Grad, mesmo música de adeus, cheia de sonoridades épicas.


Já agora que meti o artwork do segundo álbum, digo só, a título de curiosidade que é o vocalista que faz esssas tretas todas e já fez artworks para muito mais bandas, especialmente as bandas metal do estado da Georgia, que para além das que falei, se incluem High On Fire e Torche. Já agora, também fez artwork para o duo cómico Flight of The Conchords.
O segundo álbum é o que os mete mais próximos da fama, com a crítica a elevá-los a um nível muito elevado. Um bocado mais pesado que o primeiro, mas igualmente muito bom. Tem grandes músicas como A Horse Called Golgotha e as minhas preferidas Jake Leg e War, Wisdom and Rhyme. É um álbum que tem momentos alegres, mesmo com a sonoridade mais pesada. Momentos em que os acordes são claramente alegres e de festa, não negros como em algumas músicas da banda e isso vê-se bem na música The Gnashing. Têm também músicas mais acústicas que servem quase como interlúdio como Blackpowder Orchard e Steel That Sleeps The Eye. Para os fãs de metal é uma boa banda que merece ser ouvida e ouve-se muito bem.
A música de hoje chama-se Isak e o início da música faz-me lembrar a Pelo Pulso dos PAUS. Acho que é a bateria inicial e depois a entrada do baixo. Mas quando a música começa a sério, o riff inicial contagia-me logo. A música dá-me logo uma pica e um speed brutal. Depois lá para os 2m45s, começa um riff igualmente bom, mas mais calmo. E a parte final da música tem uma aceleração, com pancadas mais fortes e frequentes na bateria, que me aceleram a pulsação. Bem, oiçam vocês. Abraços amigos!
 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Das Racist - hahahaha jk?

Ultimamente só oiço duas coisas: hip-hop e metal. Não percebo bem esta fase, mas é esta a minha vida agora. Talvez para o mês que vem esteja mais aberto a punk-rock e jazz. Quem sabe?
Numa das novas audições que fiz, enquanto estudava para o meu teste de cálculo, ouvi Frank Ocean, Mos DefThe Weeknd. Mas, enquanto calculava um fluxozinho, com o Teorema do meu amigo Stokes, uma música de outros manos do rap destacou-se. E epá pensei logo em fazer este artigo, só sobre a música, sem grandes tretas sobre os intérpretes, mas esperei que a tempestade acalmasse. Isto porque sinceramente não ouvi grande coisa deles, nem sequer o novo álbum ouvi e ainda por cima o meu amigo Daniel Serrano não gosta deles. :sadface: O que sei deles é que são mais uns gajos do hip-hop desta vaga hipster pitchforkiana, são aclamados pela crítica que os considera uma lufada de ar fresco no hip-hop e são criticados pela crítica por não levarem a sério a música (não é isso que os Beastie Boys fazem?). Falo dos Das Racist.


(lol monhés) Já tinha visto a música de hoje em muitos tops de 2010, mas nunca a tinha ouvido, nem sequer me tinha despertado o interesse. O nome é fácil de memorizar e por isso ficou sempre a lembrança. Na tal sessão de estudo, meti na playlist e apaixonei-me logo. Um beat negro, mas não violento; um refrão muito contagiante que é uma clara picardia à parte da crítica que diz que eles não levam isto a sério; e referências à Enya, à série Days of Our Lives, ao Scrappy-Doo e à minha adorada série The Office e o nazi-nerd Dwight Schurte que são pormenorzinhos engraçados na música. Já estava a gostar da música e quando ouvi a rima em que falam do Dwight Schrute e a sua quinta de beterrabas, fui daqueles gajos que pensa assim: "Ah eles falam duma cena que eu gosto? Então é fixe." E pronto, foi este o meu critério. Mas não, agora a sério, gosto muito desta música e já me fez ouvir mais qualquer coisinha deles e não desgostei, mas terei de voltar a ouvir. Há uns samples de Kraftwerk, The Doors, Jay-Z, Bob Marley e Prince, mas ainda não ouvi o suficiente para vos tentar convencer a ouvir. No entanto, oiçam esta música deles, porque gosto muito e teria metido no meu top de 2010 se a tivesse ouvido na altura.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Bikini Kill - Rebel Girl

Tenho andado a exagerar no tamanho dos posts. Para não variar. É para garantir que ninguém lê mesmo. E hoje, para além de ser um post curto, vou iniciar uma coisa nova neste blog que consiste em não postar nas horas de maior movimento nas redes sociais. Yep, eu faço isso propositadamente. Granda vendido eu sei, mas é só para parecer que o blog tem bué movimento!


Já é tarde, tou com insónias, a ver o jogo mais aborrecido de sempre de NFL, a ouvir o nocturno e meloso The Weeknd e mesmo assim não consigo ganhar sono. Lembrei-me de vir aqui mandar umas postas de pescada. E, talvez seja a sensualidade de The Weeknd ou a espectacular pizza que a minha mãe me comprou hoje, mas apetece-me meter um post sobre mulheres. Não tenho vontade nenhuma de mandar-vos para a cozinha fazer-me uma sandes (oops, too much 9GAG?). Se bem que com estas moças eu não tinha coragem de me meter. Precisamente há um ano atrás, o Crostas fez um post sobre Sleater Kinney, riot grrrls geniais, que provavelmente não teriam existido das mesma forma devido à enorme influência que as Bikini Kil tiveram nelas. Feministas de punho cerrado, punk rockers old-school, amigalhaças dos Nirvana - o título da Smells Like Teen Spirit foi inspirado na vocalista que escreveu na parede do Kurt "Kurt Smells Like Teen Spirit" - irritam uns levando-os a fazer músicas contra elas (é uma dos NOFX, oiçam), encantam outros que as elevam a heroínas do feminismo. Guerras de sexos à parte, as Bikini Kill foram as pioneiras do movimento riot grrrl e mundo da música não seria o mesmo sem elas.
A música de hoje é a música mais conhecida delas, que para muita imprensa musical, é uma musica que se deve ouvir antes de morrer, de um álbum que também se deve ouvir antes de morrer chamado Pussywhipped (sugestivo hein?). Não tem clip (lol punks), por isso vou meter um vídeo que umas fãs fizeram para elas. Moral da história: no kitchen for these grrrls.
 
Ah já agora: era um xpetáclu digo eu se comentassem as porcarias que metemos no Facebook. Como se fosse uma super-comunidade a trocar ideias e tal! Beijinhos

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sam The Kid - Não Percebes

O HIP-HOP SÓ SERVE PARA INCITAR À VIOLÊNCIA, AO CRIME E À DELINQUÊNCIA. O HIP-HOP PORTUGUÊS É SÓ GAJOS COM A MANIA QUE SÃO GANGSTERS... NEM SEQUER É MÚSICA, NÃO HÁ INSTRUMENTOS!

ok, os haters e preconceituosos já se foram embora? Já consegui filtrar esse pessoal? Já posso falar sobre o meu tema sem qualquer problema? Nice. Hoje vou falar de Hip-Hop Tuga, centrando-me principalmente no meu intérprete preferido do género. Escrever este post, faz-me recuar para a minha pré-adolescência, nos meus tempos de 8º ano, quando eu fartava-me de ouvir hip-hop tuga. Sim, são só uns gajos a rimar, com um vocabulário meio sub-urbano, com uns beats por cima. Poetas é aquela típica descrição que vem à baila. Exagerada ou insultuosa para os verdadeiros poetas? Muito provavelmente. Mas vejo muito poucos a exprimir sentimentos e contar histórias com o uso de anáforas, metáforas, aliterações, assonâncias ou hipérboles com a qualidade como o Sam The Kid o faz.


Não acho que precise de apresentações. Todos conhecem o Sam The Kid, o puto de Chelas que faz umas rimas já há muito tempo e não é nenhum rookie nisto do hip-hop. Pensa-se em hip-hop tuga e fala-se em Samuel Mira. Três álbuns de rimas: Entre(tanto) em 1999, Sobre(tudo) em 2001, Pratica(mente) em 2006; e um álbum de beats dedicado aos pais (e que álbum!): Beats Vol. 1: Amor.
Antes de mais um reparo: eu não concordei com tudo o que o Fernando Pessoa, Camões ou Florbela Espanca me disseram (e não, não estou a comparar. acalmem a passarinha!). Tenho a certeza absoluta de que vocês também não. As vivências e os tempos são outros e é impossível identificarmo-nos com tudo. Isto é muito na base do que eu disse no artigo dos Rage Against The Machine. Agora apliquem o mesmo neste que vos falo. Eu não concordo com a Poetas de Karaoke. Desculpa Samuel, mas que dramatizas demasiado a questão, apesar de neste momento ouvir maioritariamente bandas nacionais que cantam na nossa língua. No entanto, quando ele começa a música com uma pura verdade - rappers de hoje em dia são como a pornografia, nem todos dão tusa porque há uma oferta em demasia! - também me dá vontade de pegar de assalto uma rádio como ele faz no videoclip. E finaliza com uma fantástica metáfora: Vocês fazem turismo de emoções que todos sentem. Eu faço culturismo de expressões que todos sentem! Que eu sinceramente espero não ser o único a achá-la brutal... Como também espero não ser o único a achar O Recado - música do segundo álbum - uma metáfora genial e uma história muito bem contada.


Nunca vi um artista a evoluir tanto e esse facto ser tão pouco referenciado. Ouve-se o primeiro álbum do Samuel e é bom, ouve-se bem. Ouve-se o segundo e já se torna audição regular. Ouve-se o terceiro e é para mim uma obra-prima. Os beats estão melhor do que nunca, com o Samuel cada vez melhor no seu MPC. Em cada música encontra-se um verso, um momento, um som memorável. É um dos melhores álbuns que já ouvi e está na minha lista de Natal para este ano. Um álbum onde explica o seu amor pela arte de mixar sons em À Procura da Perfeita Repetição, onde a rima eu oiço temas e temas feitos antes do meu nascimento, diz-me outra arte que te dá maior conhecimento resume perfeitamente a sua opinião e uma picardia ao Vitor Espadinha sabe que nem ginjas, que o meteu em tribunal por uma simples frase sua dita num programa que o Sam aproveitou. Explica o porquê de ser um apolítico em Abstenção, com frases geniais como: Comecem de inicio, de novo, alterem e tirem o sacrificio do povo, E eu devolvo a indiferença para foder partidos e blocos, eles é que tão em alta e nós aqui a contar trocos!. Denuncia o elevado desemprego e justifica a sua condição de viver com a mãe em Negociantes, que tem tiradas tipo Não quero a vossa redenção e tirem-me esta retenção na fonte. E qual é esta fonte? É a fonte do vosso banco, para gastarem numa emigrante do Elefante Branco?. E expõe o poder do destino com a fantástica e brutal 16/12/95 que, entre muitas, tem a excelente metáfora: fomos à lua e nem vimos Vénus, que acho que não preciso de explicar porque vocês não são burros.


OK, ainda não gostam de hip-hop, tudo bem. Rimar não chega para vocês e é preciso algo mais. O Samuel tem. Para além do fantástico beat dedicado ao Carlos Paredes na música Viva!, em Beats Vol. 1: Amor, inspirado pelo amor dos pais, mostra todo o seu poder em termos de produção de beats. Um álbum que se mete a tocar e o ambiente fica logo relaxado e chillout. É outra obra prima, feita em 2002, que iguala-o a muito bons produtores de hip-hop, com um décimo das condições. Recomendo vivamente, mesmo que não gostem de hip-hop. Para quem saca com torretz, podem usar este link.

O puto Samuel até quando participa em músicas dos outros o protagonismo é dele. Na Tuga Night do Boss AC, rimas como E esta porta não se abre, para um repórter que não sabe, mas é eleito para escrever e sublinhar os defeitos. Isto não é States, grandes rabos, grandes peitos. TV cabo, satisfeitos? eu não, estamos feitos, então! ou Não dances, não te canses, isto não é um ginásio, tás fora do tempo. Toma leva um Casio, aprende mais um pouco e vais saber como fazer os novos movimentos. Fitness não é hip-hop, não inventes vertentes! Fazem dele o dono da música. Ou a sua rima sufocante na Beleza Artificial do Valete Os pensamentos medíocres, que só querem que tu look, todos os dias novos looks. hoje à noite é para o Lux, onde apanhas grandes mocas com vodkas e brocas e tocas em cocas, sufocas, convocas o sexo a quem provocas! que fazem o Bónus e o Valete suspirar de espanto.

Essencialmente o Sam The Kid é para mim um dos melhores músicos portugueses. Não é músico? OK, chamem o que quiserem, continua a ser dos melhores. Dá-me realmente gosto ver outros músicos a apreciarem o seu trabalho, como o Rui Veloso, Vitorino e até mesmo o André Henriques dos Linda Martini. A música de hoje é o clássico. É a que canto com mais vontade, mais agressividade, quando penso nos que o julgam. Samuel és um dos grandes e os outros... Não Percebem!

♥ Desabafos ♥

Querido blog,
quando já ninguém esperava o meu regresso resolvi desabafar contigo.
Andava-me a sentir mal por estar a ouvir non stop o ultimo dos Nickelback (?!) e decidi botar o filósofo em mim cá pra fora.

O que é a música além de uma maneira de podermos mostrar aos nossos amigos, e inimigos, o quão fixes somos? O que é a música além de tentar esconder o nosso (meu baixo) intlecto, e tentar ganhar alguma credibilidade no mundo dos alphas ? Além de nos xcitarmos porque uma parte de nós é artistica, sentimental, o que dá sempre jeito quando conhecemos uma lady (não resulta) etc, etc, etc...

Música é também DIVERSÃO...música deve-nos fazer sentir excitados, ao ponto de dançarmos o hardcre, ou outra coisa qualquer, sozinhos no quarto. abanar a cabeça quando ouvimos um breakdown, correr em circulos quando a música é a abrir, entortar os dedos e piscar o olho quando ouvimos kel gangsta rap, gritar com sentimento bebedos "FUCK YOU I WONT DO WHAT YOU TELL ME". Tudo isto é diversão.

Eu, mero jovem, com tempo a mais nas mãos, penso nestas coisas, mas acho q não sou o unico.
Cheguei á conclusão que levava a música um bocado a sério. Como todo o pessoal na europa leva (via stuffyouwillhate) lol.
O velho continente deposita muito na arte. Faz parte da música, mas não é a sua unica dimensão. Eu gosto de arte, gosto de ouvir coisas artisticas, faz-me comichão na cabeça, e se não a discutir com ninguém até a julgo entender.
NO ENTANTO, música é uma indústria, SHOWBIZ é a palavra certa, e tem como objectivo primário (primary) entreter-nos, DIVERTIR-NOS. É neste mundo que nascem as bandas, e embora muitas consigam atingir o estatuto de artistas, muitas delas utilizam fórmulas já criadas na industria, com o objectivo de nos causar excitação e agrado. E ISSO É ÓPTIMO.
E é assim que venho desculpar o meu mau gosto musical (NOT).
Em vez de estar muitas vezes a roer a cabeça sobre o que banda X representa para a maior parte do pessoal, e arranjar um esquema para ver o que ela tem de representar para mim, eu sento -me no meu cadeirão e meto KEL CD DOS BLINK A TOCAR, ou Limp Bizkit, ou um deathcore bem batiido, e vou abanar a cabeça!

Enfim


Obrigado por me ouvires querido blog !
Tiveste saudades minhas ?!
O que achas que a música deve representar? Que direcções deve tomar?
Sou burro ?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Arctic Monkeys - Library Pictures

Hoje vai ser difícil: estou agora a ouvir o novo álbum de uma das minhas bandas preferidas. O que é que se diz de uma das nossas paixões inexplicáveis? Como é que vou defender uma coisa que eu gosto e pronto, não há mais nada a dizer... Como? Eu consigo dizer que gosto do novo Kanye West, porque acho que os beats estão muito bem trabalhados, porque as letras são verdadeiras odes ao ego ou porque simplesmente achava piada aos internet memes dele. E consigo porque há um sentimento de imparcialidade quando oiço o que ele faz. Mas como é que vou justificar uma verdadeira e cega obsessão por uma banda da qual sou incondicional fã? É estranho idolatrar chavalos de 20, 21 anos que não são verdadeiramente importantes para o mundo, mas que conseguiram fazer verdadeiramente parte de muitos momentos da minha vida. Depois de três álbuns, dois concertos (os que foram vistos por mim) com recepções apoteóticas, algum merchandising comprado e inúmeras audições repetidas vezes sem conta, os Arctic Monkeys lançam o seu quarto álbum.


Felizmente, hoje tenho trabalho poupado. Falar do passado deles para quê? Sabe-se tudo: a ascensão exponencial a partir de demos que fãs metiam na internet disponíveis para todos; o lançamento de dois singles - I Bet You Look Good On The Dancefloor e When The Sun Goes Down - que sem qualquer álbum lançado, bateram records de vendas; um primeiro álbum - Whatever People Say I am, That's What I am Not - que os leva imediatamente ao estrelato e mete o mundo louco por eles; o mediatismo que torna possível o aparecimento de uma legião de hatters (uma cambada de pseudo-indies é o que é); um segundo álbum relativamente mais fraco, mas que continua a aumentar-lhes a popularidade; um terceiro álbum com o rei Josh Homme que divide os fãs e mete os hatters a dizer que "este sim é bom" (lol idiotas); e agora um quarto álbum que vai com certeza metê-los nas bocas do mundo outra vez.
Os fãs mais acérrimos, também são os mais críticos. Depois do Whatever People Say I am, That's What I am Not, qualquer coisinha que os Monkeys lancem, podia ser, para mim, melhor. O sentimento que esse primeiro álbum me proporcionou, e o grau de viciação numa banda que gerou, mete-lhes a fasquia a um nível inatingível, mesmo para eles! É como o Ricardo Araújo Pereira diz: "O Benfica pode ganhar por 7-0, que o benfiquista sai de lá a dizer: "Não jogámos nada. Isto ainda não é jogar à Benfica"". Acho que não consigo fazer uma analogia melhor, apesar de ser sportinguista ferrenho. Essa fasquia, transforma, na minha cabeça, músicas como From The Ritz To The Rubble, Still Take You Home ou Fake Tales Of San Francisco verdadeiros e intocáveis hinos da música (podia dizer o álbum todo, na verdade), cujas letras, apesar de falarem de assuntos banais como ser barrado numa discoteca ou estar fascinado por uma rapariga também na discoteca, são, para mim, histórias de episódios engraçados e com os quais me posso indirectamente identificar. A tal fasquia não rebaixa no entanto os trabalhos seguintes, nem outros hinos pessoais: Balaclava, Teddy Picker ou Do Me A Favour (sim, esta. A sonoridade épica, à semelhança da Leave Before The Lights Come Out, é uma das facetas dos Arctic Monkeys que eu adoro), também me fazem vibrar como muito poucas músicas fazem. Como fã cego, gosto do Humbug, mesmo não sendo o que espero dos Fab Four de Sheffield. Não tanto como os outros é certo e custou mais a ficar realmente a gostar - estou a ouvi-lo agora e estou a adorar, se calhar é do sentimento nostálgico que vai no ar - mas tem músicas que também incluo numa playlist perfeita dos Monkeys: Crying Lightning, que à partida soava-me mal aquele solo, mas que agora entra-me bem no ouvido, Pretty Visitors (que baterista genial, Matt Helders) ou The Jeweller's Hands.


(Que bela merda de artwork!) Já têm sido lançados uns cheirinhos do novo álbum - Suck It and See - e posso dizer que a primeira coisa que ouvi, a Brick By Brick, deixou-me sem ansiedade nenhuma por ouvir aquilo. Uma música banal e insípida, mas pensei em esperar e ouvi-la no contexto. As primeiras notas do álbum fazem-me pensar que eles estão ainda mais negros, mas não: She's Thunderstorms é uma love song, com a adolescente e característica voz do Alex Turner, com uma bateria potente e um riff porreiro. Segue-se Black Treacle, num registo semelhante, mas com uma letra à Alex Turner, que demonstra a sua grande capacidade lírica. Depois vem a, ainda aborrecida, Brick By Brick, que honestamente não merece ser single. Com o gritinho "Shalalala" altamente catchy, segue-se The Hellcat Spangled Shalalala, uma das músicas fortes do álbum. É a partir daqui que o álbum fica mais negro, com as influências do Humbug, com duas das músicas que mais gostei do álbum: Don't Sit Down 'Cause I Moved Your Chair e Library Pictures, estou literalmente viciado nessas duas. Volta a versão light dos Arctic Monkeys, com baladas e músicas calminhas com Reckless Serenade e uma música meio country com a presença de um light rock chamada Love Is A Lasquerade. Acaba com o ligeiro epicismo de That's Where You're Wrong que também gosto bastante.
É um álbum light, não é propriamente o que espero dos Arctic Monkeys, mas é bom de se ouvir e, para mim, como é Monkeys, irei ouvir muitas vezes. Deixo-vos a minha preferida Library Pictures ao vivo no Jools Holland. Enjoy!



Para quem não percebeu, os insultos que faço em cima, são só para reforçar o fanatismo que tenho por eles. Cada pessoa tem o direito de ouvir o que quer, obviamente!