quinta-feira, 2 de junho de 2011

Arctic Monkeys - Library Pictures

Hoje vai ser difícil: estou agora a ouvir o novo álbum de uma das minhas bandas preferidas. O que é que se diz de uma das nossas paixões inexplicáveis? Como é que vou defender uma coisa que eu gosto e pronto, não há mais nada a dizer... Como? Eu consigo dizer que gosto do novo Kanye West, porque acho que os beats estão muito bem trabalhados, porque as letras são verdadeiras odes ao ego ou porque simplesmente achava piada aos internet memes dele. E consigo porque há um sentimento de imparcialidade quando oiço o que ele faz. Mas como é que vou justificar uma verdadeira e cega obsessão por uma banda da qual sou incondicional fã? É estranho idolatrar chavalos de 20, 21 anos que não são verdadeiramente importantes para o mundo, mas que conseguiram fazer verdadeiramente parte de muitos momentos da minha vida. Depois de três álbuns, dois concertos (os que foram vistos por mim) com recepções apoteóticas, algum merchandising comprado e inúmeras audições repetidas vezes sem conta, os Arctic Monkeys lançam o seu quarto álbum.


Felizmente, hoje tenho trabalho poupado. Falar do passado deles para quê? Sabe-se tudo: a ascensão exponencial a partir de demos que fãs metiam na internet disponíveis para todos; o lançamento de dois singles - I Bet You Look Good On The Dancefloor e When The Sun Goes Down - que sem qualquer álbum lançado, bateram records de vendas; um primeiro álbum - Whatever People Say I am, That's What I am Not - que os leva imediatamente ao estrelato e mete o mundo louco por eles; o mediatismo que torna possível o aparecimento de uma legião de hatters (uma cambada de pseudo-indies é o que é); um segundo álbum relativamente mais fraco, mas que continua a aumentar-lhes a popularidade; um terceiro álbum com o rei Josh Homme que divide os fãs e mete os hatters a dizer que "este sim é bom" (lol idiotas); e agora um quarto álbum que vai com certeza metê-los nas bocas do mundo outra vez.
Os fãs mais acérrimos, também são os mais críticos. Depois do Whatever People Say I am, That's What I am Not, qualquer coisinha que os Monkeys lancem, podia ser, para mim, melhor. O sentimento que esse primeiro álbum me proporcionou, e o grau de viciação numa banda que gerou, mete-lhes a fasquia a um nível inatingível, mesmo para eles! É como o Ricardo Araújo Pereira diz: "O Benfica pode ganhar por 7-0, que o benfiquista sai de lá a dizer: "Não jogámos nada. Isto ainda não é jogar à Benfica"". Acho que não consigo fazer uma analogia melhor, apesar de ser sportinguista ferrenho. Essa fasquia, transforma, na minha cabeça, músicas como From The Ritz To The Rubble, Still Take You Home ou Fake Tales Of San Francisco verdadeiros e intocáveis hinos da música (podia dizer o álbum todo, na verdade), cujas letras, apesar de falarem de assuntos banais como ser barrado numa discoteca ou estar fascinado por uma rapariga também na discoteca, são, para mim, histórias de episódios engraçados e com os quais me posso indirectamente identificar. A tal fasquia não rebaixa no entanto os trabalhos seguintes, nem outros hinos pessoais: Balaclava, Teddy Picker ou Do Me A Favour (sim, esta. A sonoridade épica, à semelhança da Leave Before The Lights Come Out, é uma das facetas dos Arctic Monkeys que eu adoro), também me fazem vibrar como muito poucas músicas fazem. Como fã cego, gosto do Humbug, mesmo não sendo o que espero dos Fab Four de Sheffield. Não tanto como os outros é certo e custou mais a ficar realmente a gostar - estou a ouvi-lo agora e estou a adorar, se calhar é do sentimento nostálgico que vai no ar - mas tem músicas que também incluo numa playlist perfeita dos Monkeys: Crying Lightning, que à partida soava-me mal aquele solo, mas que agora entra-me bem no ouvido, Pretty Visitors (que baterista genial, Matt Helders) ou The Jeweller's Hands.


(Que bela merda de artwork!) Já têm sido lançados uns cheirinhos do novo álbum - Suck It and See - e posso dizer que a primeira coisa que ouvi, a Brick By Brick, deixou-me sem ansiedade nenhuma por ouvir aquilo. Uma música banal e insípida, mas pensei em esperar e ouvi-la no contexto. As primeiras notas do álbum fazem-me pensar que eles estão ainda mais negros, mas não: She's Thunderstorms é uma love song, com a adolescente e característica voz do Alex Turner, com uma bateria potente e um riff porreiro. Segue-se Black Treacle, num registo semelhante, mas com uma letra à Alex Turner, que demonstra a sua grande capacidade lírica. Depois vem a, ainda aborrecida, Brick By Brick, que honestamente não merece ser single. Com o gritinho "Shalalala" altamente catchy, segue-se The Hellcat Spangled Shalalala, uma das músicas fortes do álbum. É a partir daqui que o álbum fica mais negro, com as influências do Humbug, com duas das músicas que mais gostei do álbum: Don't Sit Down 'Cause I Moved Your Chair e Library Pictures, estou literalmente viciado nessas duas. Volta a versão light dos Arctic Monkeys, com baladas e músicas calminhas com Reckless Serenade e uma música meio country com a presença de um light rock chamada Love Is A Lasquerade. Acaba com o ligeiro epicismo de That's Where You're Wrong que também gosto bastante.
É um álbum light, não é propriamente o que espero dos Arctic Monkeys, mas é bom de se ouvir e, para mim, como é Monkeys, irei ouvir muitas vezes. Deixo-vos a minha preferida Library Pictures ao vivo no Jools Holland. Enjoy!



Para quem não percebeu, os insultos que faço em cima, são só para reforçar o fanatismo que tenho por eles. Cada pessoa tem o direito de ouvir o que quer, obviamente!

2 comentários:

  1. Belo artigo deus, partilho quase na totalidade a tua opinião, embora não tenha gostado do Humbug, e foi precisamente a apresentarem esse álbum que os vi pela primeira vez ( faltei a um Porto-Sporting no Dragão que o Porto ganhou 5-1 e o Mariano fez um jogo do crl), num concerto em que o som estava uma merda e que era só chavalada, foi bom, mas estava à espera de muito mais.

    Mas o Whatever People Say I am, That's What I am Not é do caralho, grande álbum, na altura "desconhecidos" no nosso país, era o auge do alternativo.

    Tenho pena de não os ver no SBSR para esquecer o coliseu.

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  2. já li este post há tanto tempo, mas agora que passei por aqui, achei que merecia mais comentários. está genial. tudo dito.
    marry me, alex <3

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