segunda-feira, 19 de março de 2012

The Weeknd - Wicked Games

Ora boas noites amigos. Hoje o artigo é especial, como não me apeteceu escrever nada, pedi a 4 amigos para escreverem por mim. Essencialmente porque não achei que tinha autoridade para falar sobre a pessoa em questão, mas a delegação de tarefas também foi algo que apreciei bastante. Sobre o moço em questão, uns adoram, outros atracaram-se numa mixtape e outros apenas reconhecem qualidade. Eu? Nem sei. Hype não lhe falta. Agora com a sua presença no Primavera Optimus Sound, o hype em terras lusas crescerá mais. Sempre achei que ele conseguia criar uma envolvente nocturno como ninguém e o mel que ele dá às suas canções (e digo mel no bom sentido) ajuda a tornar esse meio envolvente nocturno, em algo erótico. E saliento o erótico. Nada de euforias, nada de pressas, nada de cenas à la 9 Songs. Vocês sabem que para mim, uma Better Living Through Chemestry ou uma You Can't Quit Me Baby dos QOTSA deixam-me louco para movimentos rápidos, mas uma Wicked Games do Abel Tesfaye, mais conhecido como The Weeknd, prepara-me para uma sessão duradoura e intensa.


Ouvir The Weeknd é uma experiência. Uma experiência que tem que ser saboreada com os olhos bem fechados. Preferivelmente, de noite. Como o estilo impõe, as músicas falam maioritariamente de "amor" ou de sentimentos relacionados, como tantas outras, mas as sensações que nos são transmitidas são um mundo totalmente diferente, novo. Subitamente parece que estamos no meio de um ambiente altamente sexual, desprendido, sob o efeito de droga, num nivel absolutamente extra-sensorial. The Weeknd passa-nos muitas vezes uma sensação de vazio da emoção no momento. A existência dos pensamentos sobrepõe-se ao prazer físico. Como diz na Gone do album "Thursday":
"Cause I'm numb from the neck down / Im sorry / You won't know that I can't feel it / I can win a fuckin' Oscar"
Este tipo de sensações são-nos transmitidas ao longo de toda a trilogia. A missão de nos fazer sentir o que estamos a ouvir é passada com distinção. Quanto a mim, consigo usufruir completamente da experiência quando estou com a minha namorada. É perfeito. É estar às escuras e absorver tudo o que é passado, numa tranquilidade impossível de explicar.
Música preferida e verso preferido:
Montreal - "Happiness exists when you don't know a thing / So I hope you don't think this song is about you"
Bruno Pinto

A minha relação com o Abel é bem complicada. Porquê? Porque eu só quero saber dele quando preciso. E evito-o sempre que posso.
E, mais uma vez, porquê? Porque ele tem aquele dom de me arrepiar durante longos minutos e, quando me deixa, deixa-me com a cabeça perdida a pensar *sabe-se lá no quê*.
Parece até muito bom, mas não é. Ou é! Por vezes.
Esqueçam as duas últimas mixtapes. O que interessa é a primeira. Só esta tem o que mais nada tem e só esta diz (tudo) o que mais nada diz.
Sancha Pereira

O problema que os fanáticos de R'n'B têm com The Weeknd é daquelas típicas questões de quem é mais ou menos TRVE. The Weeknd foge ao barroco-absurdo de Trapped in the Closet desse R.Kelly e portanto, "valha-me Deus que isto não é R'n'B como deve ser, é lixo para hipsters". E até pode ser. Mas nós gostamos e não é pouco. Sim, são os ingredientes clássicos desse género, mas intoxicados até ao infinito com estas faíscas de sonoridade exterior, nocturna no mau sentido e sim, pedrada. Uma trilogia de mixtapes que definem a sonoridade de Weeknd, deixando tudo em aberto, ao mesmo tempo que fecham a sua sonoridade numa caixa conceptual pouco interessada em heterogenia. Toda a história se iniciou com High for This, que nos deixa em suspenso por várias vezes, à espera que as tais cascatas de percussão, baixo e etc nos caiam por cima com o peso de dois mundos. O da musicalidade única do canadiano mais promissor de 2011, juntamente com o mundo das histórias que conta, onde há sempre espaço para mais um comprimido ou um sample violado de Beach House.
André Lopes

Não são uma banda que adoro, mas também não me são indiferentes. Não me identifico com as letras, mas gosto de ouvir as estórias que, ainda que possam fugir um pouco da realidade, ou pelo menos da minha realidade, são interessantes. Cada música de um álbum é um episódio novo. E é assim que consigo descrever The Weeknd: uma banda que nos deixa a desejar a próxima temporada. Uma e outra vez. Mas nunca traz nada de novo. Ainda assim, vou gostando de ouvir, porque o mesmo que traz foi aquilo que gostei no início quando ouvi pela primeira vez o House of Balloons e que, até agora, tem sido a suficiente para me deixar preso. Pode ser que esse sentimento acabe, mas até lá, há que aproveitar os agudos de Abel Tesfaye.
The Morning é uma das minhas músicas preferidas: a a imagem desta música é o sol a bater numa janela de motel depois de um noite num clube que tinha na entrada um néon em que se lia PUTAS em letras bem grandes. É o neo-noir em música. O que é que se quer mais?
Daniel Serrano


Antes de finalizar, agradeço aos que escreveram aqui hoje. Pedi-vos porque, para além de querer uma amostra variada, achei que eram os indicados para falar sobre isto. Uns com mais dificuldade que outros, uns com menos confiança que outros, mas gostei dos 4 textos. A sério que gostei. O The Weeknd é a nova coque-luxe do R&B (ou lá o que ele canta). Vai andar por aí durante muito tempo. Vou deixar aqui a música que mais gostei, desde que o ouvi pela primeira vez, já lá vão uns tempos. Já falei dela acima, chama-se Wicked Games e é assim que o vejo. Beijinhos.



1 comentário:

  1. Gostei deste novo formato com textos de várias pessoas. Interessante ter várias opiniões e várias formas de descrever o mesmo artista.

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