No artigo do Seu Jorge falei no vasto leque de sonoridades vindas do outro lado do Atlântico. E conforme vou ouvindo mais coisas, vou ganhando a certeza de que há coisas muito interessantes no Brasil. Lembro-me de ver um rapaz num fórum a defender a banda de hoje, dizendo que era um projecto que juntava enumeras sonoridades e tinha letras muito boas. Eu, conhecendo só uma música (e tendo em conta a música em questão), pensava que isso era impossível. Isto já vão uns 3 anos e nunca mais me lembrei do assunto, mas ontem, uma das visitantes deste blog, a Ana Relvão, mostrou-me a banda Little Joy. Imediatamente me lembrei de Fabrizio Moretti, baterista dos Strokes, mas uns segundos depois o nome Rodrigo Amarante veio-me à cabeça e a conversa do tal rapaz do fórum invadiu-me o pensamento. Fui sacar imediatamente a discografia da banda em questão: quatro discos compõem a discografia dos Los Hermanos.
Antes de mais, sei que é impossível dissociar Los Hermanos da música Anna Júlia, mas tentem por um bocado. Os mais eclécticos já devem estar a pensar o mesmo que eu pensei há uns anos atrás: "É impossível os Los Hermanos terem alguma coisa de jeito para ele estar aqui a falar". Mas quem ouviu, como eu ouvi, pode afirmar que a mistura de sons é constante. Têm um primeiro álbum, "Los Hermanos" lançado em 1999, com sonoridades Ska, uns ligeiros toques de hardcore, muito samba e umas letras muito fortes, com as quais me identifico muito. Para além de "Anna Júlia", ficaram-me na cabeça músicas como "Pierrot" (letra muito fixe, meto em baixo), "Azedume" e "Bárbara".
Los Hermanos - Pierrot by Diogo Martins
Depois de terem tido imensas vendas e ganho muitos fãs, os Los Hermanos não se deixaram levar pelo sucesso: apesar da editora pedir mais hits de rádio, a banda não cedeu à pressão e gravou o CD à sua maneira, levando o seu caminho sem qualquer influência de editoras. Confesso que esta atitude, não sendo inovadora, é algo que me faz apreciar ainda mais os Los Hermanos. Como tal, o segundo álbum, "Bloco do Eu Sozinho", lançado em 2001, vendeu pouco, mas tornou os Los Hermanos numa banda de culto no Brasil. A influência de sons tipicamente brasileiros aumenta, ou seja, temos mais samba e bossa-nova, a fundir-se com um rock à la Weezer e a melodias mais melancólicas do que no primeiro álbum. Músicas como "Retrato para Iaiá" (vou meter em baixo), "Fingi Na Hora Rir" e "Todo o Carnaval tem Seu fim" marcaram-me especialmente.
Los Hermanos - Retrato Pra Iaiá by Diogo Martins
Em 2003, lançam "Ventura" e viram-se para o Lo-Fi, expondo muito bem o amadurecimento da banda. A voz está cada vez melhor, as músicas mais trabalhadas, sem, no entanto, descolarem-se totalmente daquela sonoridade típica à Los Hermanos. Vou cada vez mais gostando e admirando a capacidade de tentarem sempre fazer coisas diferentes, mantendo sempre o carimbo da banda em cada música. "Samba A Dois", "Cara Estranho", "Conversa de Botas Batidas" e "Deixa o Verão" são belas canções provenientes deste trabalho dos Los Hermanos.
O último álbum da banda, "4" lançado em 2005, está mais fraquinho. A componente rock é mais reduzida, dando espaço a sonoridades mais relacionadas com música popular brasileira. Não que isso seja mau, mas não é o que espero dos Los Hermanos. Gosto particularmente de músicas como "Morena" (riff porreirito) e "Horizonte Distante".
Resumindo: o meu preconceito para com os Los Hermanos era completamente errado, fiquei a gostar bastante da banda e acho que merecem uma audiçãozinha por parte dos Boutiquers! Oiçam os 2 primeiros álbuns que acho que são os melhores!
Vou deixar aqui o hit "Anna Júlia" para matarem saudades! :D
domingo, 2 de janeiro de 2011
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